ATA DA QUADRAGÉSIMA SEXTA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINARIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 08.10.1992.

 


Aos oito dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e no­venta e dois reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quadragésima Sexta Sessão Solene da Quarta Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às dezessete horas e dezoito minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a en­tregar o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Ivo Fortes dos Santos, conforme Projeto de Resolução nº 2l/92 (Processo nº 1046/92), de autoria do Vereador Lauro Hagemann. Após o Senhor Presidente convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Vereador João Dib, no exercício da Presidência da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhor Ivo Fortes dos Santos, Homenageado; Senhora Eracy Moura Santos, esposa do Homenageado; Senhor Ernesto Lopar Castro, Presidente do Conselho Estadual de Saúde; Senhor Pedro Antonio de Godoy, Futuro Prefeito da Cida­de de Viamão; e Vereador Adroaldo Correa, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Adroaldo Correa, em nome do Vereador Lauro Hagemann, proponente e pelas Bancadas do PPS, PT e PTB, discorreu sobre o trabalho do Homenageado, res­saltando a importância do trabalhador de saúde. Falou, também, sobre a luta através das Associações Comunitárias com o intuito de levar a melhoria de vida para o homem, buscada pelo Senhor Ivo Fortes dos Santos. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PDS teceu comentários sobre a conduta do Homenageado, quando Presidente da FRACAB, dizendo que o mesmo buscava sempre soluções para os problemas da coletividade. Disse, também, que são poucos os parlamentares que vão à coletividade para ouvir seus anseios. Congratulou-se com o Homenageado por sua dedicação à humanidade. Após, o Senhor Presidente registrou o recebimento de correspondência do Senhor João Gilberto Lucas Coelho, Vice-Governador do Estado e do Senhor José Barison, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado que passou às mãos do Homenageado. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou a todos para, de pé, assistirem a entrega do Diploma ao Senhor Ivo Fortes dos Santos pelo Vereador João Dib. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Ernesto Lopar Castro que, em nome dos amigos, congratulou-se com o Senhor Ivo Fortes dos Santos, fazendo entrega de uma placa de prata. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Homenageado que agradeceu a homenagem prestada pela Casa. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença, no Plenário, dos Senhores Rosalino Neves e Flávio Cal. Às dezoito horas, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presi­dente declarou encerrados os trabalhos, agradecendo a presença de todos e convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador João Dib e secretariados pelo Vereador Adroaldo Correa, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Adroaldo Correa, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e lº Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Dib): Convidamos os presentes, ao abrir a presente Sessão para tomarem lugar nos assentos a frente.

Convidamos para compor a Mesa o nosso homenageado de hoje, Ivo Fortes dos Santos e Dona Eracy Moura Santos; Dr. Ernesto Lopar Castro, Presidente do Conselho Estadual de Saúde; e o meu amigo Pedro Antônio de Godoy ex e futuro Prefeito de Viamão.

Vamos conceder a palavra ao Ver. Adroaldo Corrêa para em nome do Ver. Lauro Hagemann, um dos proponentes dessa homenagem se pronunciar.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente. Ver. João Dib. Exmo. Sr. Homenageado, Ivo Fortes dos Santos e Eracy Moura Santos; Exmo. Sr. Presidente do Conselho Estadual de Saúde, Dr. Ernesto Lopar Castro; Exmo. Sr. Futuro Prefeito da Cidade de Viamão, ex-prefeito da Cidade de Viamão, ex-prefeito da Cidade de Alvorada, Dr. Pedro Antônio de Godoy; Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores, por feliz coincidência, quem sabe! Eu, do Partido dos Trabalhadores, substituo hoje, como suplente que sou da Bancada da Frente Popular, na impossibilidade de se pronunciar hoje, o Ver. Lauro Hagemann, por um pequeno problema de saúde, esse Vereador que seria orador pela minha Bancada também, a Bancada do PT, que havia designado que um dos proponentes desta Sessão em homenagem à instituição do Título de Cidadão de Porto Alegre a Ivo Fortes dos Santos fosse representante também do PT. Saúde ao Ver. Lauro Hagemann.

E saúde também, é o fio condutor que vou tentar perseguir nesta nossa intervenção, Ivo Fortes dos Santos é um trabalhador da saúde, um conceito conquistado no Brasil de forma diferente, onde a saúde, hoje, é entendida não apenas como a cura de doenças em estabelecimento onde a cura é promovida, e não apenas por médicos, mas a saúde é promovida por ambiente de trabalho digno, por ambiente de moradia condigna, por condições dignas de existência da sociedade, e por salário compatível com as necessidades de manter o trabalhador e a sua família. E isso foi o que caracterizou a trajetória do lutador comunitário Ivo Fortes dos Santos. Todos aqui o conhecem seguramente muito mais do que eu. Esta é a razão de estarem aqui presentes. Eu o conheço apenas há duas décadas, e quem o conhece sabe que a sua trajetória da luta comunitária esteve sempre em busca da melhoria da saúde na nossa Cidade, no nosso Estado e no nosso País. Lembro que o Sr. Ivo Fortes dos Santos é do Conselho Nacional de Saúde, a representação popular que lá faz como um dos delegados representantes pela CONAM, como é também, no Rio Grande do Sul, membro do Conselho Estadual de Saúde, representação que faz lá pela Federação Rio-grandense das Associações Comunitárias de Amigos de Bairros, a Fracab, como integrante de uma das delegações populares. E o fio condutor, para fazer um parêntese, em função também da data de hoje, nos leva a entender que a saúde é, quando buscada consistente e conscientemente por quem não a tem, mas principalmente por aquele solidário que, a tendo, busca constituí-la como um bem do outro, nos leva a referir a memória de um médico argentino, lutador da sociedade internacional dos trabalhadores, que nesta data, na década de sessenta morreu. Morreu na luta pela libertação contra o imperialismo. Mesma luta dos trabalhadores brasileiros que estão submetidos ao imperialismo do mesmo País, os Estados Unidos. Ernesto “Che” Guevara é uma inspiração, não é modelo, não é exemplo perene de conduta em todos os momentos, mas é uma inspiração como é Ivo Fortes da Santos. Quem o vê na luta, na resistência democrática na organização de comunidades associativas de moradores de bairros, luta difícil, simples, mas difícil. Retirar as pessoas da frente da novela, retirar as pessoas do recôndito do lar quando a ditadura militar existe, quando a hegemonia da cultura do opressor sobre as consciências dos trabalhadores existe, para participar de uma reunião de associação de moradores, para participar de uma reunião de associação de bairro, em uma delegação de uma federação. Há que se considerar um trabalho revolucionário de persistência, de quem entende que isto, através do poder local, através da conquista da consciência no local de moradia ou de trabalho, é que dá garantias ao que o homem nesta sociedade em que vive pode transformá-la, como de fato a transformou neste período na luta que se verifica e que pode buscar uma sociedade melhor, para os trabalhadores, uma sociedade liberta da opressão.

Nós entendemos que é este o fio condutor, de um trabalhador da saúde, de lutadores pela saúde no País, de lutadores comunitários que constroem e buscam, pela consciência a unidade dos trabalhadores, fazendo avançar, consistentemente, as referências de poder local no bairro, na cidade, no trabalho comunitário, no trabalho desprendido, no trabalho sem salário que é o trabalho comunitário, que busca constituir referência de solidariedade, da fraternidade, de amor, de paixão, pelo outro. É o que se pode dizer do pouco que conheço, do pouco que acompanhei, por estarmos eventualmente, em siglas partidárias diferenciadas, mas unidos no mesmo projeto social de libertar o Brasil da opressão, e buscar reconstituir a democracia em nosso País, e avançar os limites dos espaços democráticos, estivemos juntos neste período. A saudação, espero, não tenha sido uma demasia, nem ficado muito aquém do que poderia ter feito quem propôs a homenagem, o Ver. Lauro Hagemann, até porque se a demasia existe, existe nos exemplos históricos e estes estão plenos de coerência em relação à trajetória dos homenageados.

Nossas referências se fazem a partir da luta que fizemos, nesta Cidade, que adotamos, não somos desta Cidade, mas estamos aqui há 39 anos, e eu só tenho 40, e por conhecer a necessidade, como morador, como trabalhador assalariado, como político, que cada cidadão deve ser, e revolucionário, que é o que pretendo ser, talvez, ainda, não seja, vejo identidade sim na tarefa histórica que cumpriu Ernesto Guevara, e por isto acho que não é uma demasia as comparações com os homenageados, em função do trabalho de consciência e persistência na busca de libertação do ser humano para uma nova sociedade. Oito de outubro é um dia de festas. Parabéns. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Dando seqüência a esta Sessão, este que, no momento, preside a Sessão por uma circunstância toda especial, porque não há outro Vereador, com exceção do meu querido Adroaldo Corrêa, vou me permitir usar a palavra, sentado aqui, para saudar o homenageado de hoje.

Meu caro Dr. Ernesto Lopar Castro, Presidente do Conselho Estadual de Saúde; meu caro, sempre Prefeito de Viamão, Pedro Antonio de Godoy, que eu tive o prazer de muitas vezes trocar idéias e aprender coisas com ele; meu caro Dr. Flávio Cal, Coordenador Estadual do INAMPS; meu homenageado de hoje, Ivo Fortes dos Santos e Eracy Moura dos Santos, sua esposa. Meus caros amigos, meus senhores e minhas senhoras. Eu sou um pouco diferente do meu querido Ver. Adroaldo Corrêa, para mim não existe com tanta preocupação esquerda ou direita, existe o certo e o errado, e eu diria, com toda a tranqüilidade e até com toda a segurança, que o Ivo Fortes dos Santos é certo. E até é verdade, porque o meu Professor Washington Whiles um dia me ensinou que comunidade organizada mais governo constituído é igual a desenvolvimento. Então, este é o espírito da FRACAB. A FRACAB onde eu conheci o Ivo Fortes dos Santos, antes de ser Presidente desta mesma entidade, conheci há 30 anos lá na União dos Moradores da Cascata, representando a Administração Loureiro da Silva naquela época, mas vendo nele um homem que debatia, e, através dele, conheci também outras pessoas como o nosso Assis Conceição que aqui está, o Heitor das Neves que eu não vejo por aqui, estranho que não esteja, o Major Germano Dieter, o Capitão Anselmo, o Professor Silvestre Vargas, pessoas maravilhosas que deram muito de si por esta FRACAB que foi somando pontos, foi crescendo, porque tinha homens como Ivo Fortes dos Santos. Homens que relegaram a posições secundárias os seus interesses pessoais, seus interesses familiares para buscar soluções para os problemas da coletividade. E esta busca de soluções para o problema da coletividade, se fazia, e se fez sempre na pessoa deste homem que eu disse que é certo, sem nenhum interesse maior, até prejudicando seus próprios interesses, mas havia um sentido de que tinha que realizar o bem comum, e realiza o bem comum, como disse o Prof. Washington, comunidade organizada em primeiro lugar. E estas pessoas anonimamente tentaram, e continuaram tentando, para satisfação nossa, organizar esta comunidade que sofre, que é usada, e que não tem oportunidade, muitas vezes, de manifestar os seus anseios, e que na maior parte das vezes não são ouvidos, porque são poucas, muito poucas as autoridades que vão até à coletividade. Então, os homens das Associações de bairros, os homens da FRACAB que têm que fazer o trabalho dessas autoridades, e até dos representantes do povo. E é por isso que, também não vejo aqui o Rosalino Necchi, que eu gostaria de ver aqui, eu aprendi a admirar noite a dentro, muitas vezes, madrugada outras vezes, essas pessoas que, no anonimato, trabalham pela grandeza desta cidade, pela melhoria de vida desta coletividade, que nós todos temos a responsabilidade de zelar por ela. E o nosso homenageado de hoje, - que eu também subscrevi, juntamente com o Ver. Lauro Hagemann, que lamentavelmente não está aqui, - a homenagem que hoje se presta, - esteve sempre presente, em todas as horas, dando o melhor de si, dando a sua contribuição, estudando, se esforçando, muitas vezes, tentando participar de Encontros, de Congressos, fazendo um esforço imenso para lá ir dar a sua contribuição. E, hoje, a cidade está lhe dizendo que o respeita, que o reconhece e que quer que ele continue trabalhando da mesma forma, porque a homenagem, Ivo Fortes dos Santos, que hoje lhe é prestada significa que nós acreditamos em ti, significa que nós queremos muito mais trabalho. Porque muitas vezes nós dissemos e, muitas vezes, ouvimos dizer que o grande perigo da atualidade é o cansaço dos bons. É o cansaço dos certos. E nós estamos vivendo momentos de extrema dificuldade, onde a honra, a dignidade, os valores morais foram relevados a um plano secundário. Nós estamos retomando todos esses valores. E homens fortes, como o Ivo Fortes, têm que dar o seu sim, o seu presente todos os dias, e com todo entusiasmo. E é claro que a D. Iraci muitas vezes, foi relegada a um plano secundário, foi colocada logo depois da coletividade, porque o Ivo tinha reuniões que terminavam meia-noite, uma hora, e, muitas vezes, nós dávamos condução aos poucos que participavam das reuniões que nós levantávamos por toda esta Cidade, buscando soluções.

A Dona Iraci, também, está recebendo um pedaço dessa homenagem. É o reconhecimento da cidade, pela paciência que a Sra. teve, pela compreensão que a Sra. teve, pelo carinho que a Sra. deu ao Ivo, para que ele continuasse lutando, por uma coisa que era certa. Não estava nem à esquerda, nem à direita, estava no centro. E este é o caminho que todos nós deveríamos perseguir. O caminho reto, honesto, decente e digno para transformar problemas em soluções.

E o Ivo na sua modéstia, muitas vezes, transformou pequenos e até grandes problemas em soluções para a nossa coletividade, para a nossa Porto Alegre.

Portanto, recebe a homenagem do meu Partido, o PDS, pessoalmente o meu carinho, o meu apreço e o reconhecimento de quem acompanhou toda uma trajetória, sempre preocupado em servir os seus semelhantes, os seus irmãos.

Tenho, também, aqui, junto com a palavra do PDS, a palavra do Vice-Governador, Gilberto Lucas Coelho, lamentando não poder comparecer, e também do Desembargador José Barison, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, enviando um abraço ao nosso homenageado de hoje, à semelhança que faz o Vice-governador. Saúde (Palmas.)

Eu convidaria a todos, para que, de pé, assistissem a entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito a Ivo Fortes dos Santos.

 

(É feita a entrega do título.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de passar a palavra ao homenageado, o Dr. Ernesto Lopar Castro gostaria de fazer uma homenagem ao Sr. Ivo Fortes dos Santos.

 

O SR. ERNESTO LOPAR CASTRO: É uma homenagem muito íntima dos teus amigos e companheiros que durante todo o dia estão vivendo contigo e vivendo as tuas idéias, as idéias maiores que nós estamos tentando levar a este Brasil. Assim que, em nome deles, eu dou um duplo abraço e faço a entrega deste mimo que tu vais guardar pensando em nós. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: (Lê.) “Ivo Fortes dos Santos, nossa homenagem sincera e carinhosa dos amigos do Conselho Estadual de Saúde, Porto Alegre 08-10-92.” Neste momento, então, eu passo a palavra ao Sr. Ivo Fortes dos Santos, para a sua mensagem.

 

O SR. IVO FORTES DOS SANTOS: Presidente dos trabalhos, Ver. João Dib; Dr. Lopar Castro – Presidente do Conselho Estadual de Saúde; meu prezado amigo, Prefeito de Viamão, Pedro Antonio de Godoy; Eracy, minha digníssima esposa. Público presente, meus familiares, meus companheiros, meus amigos. Hão de depreender todos que a minha tarefa neste microfone não é mais fácil, dado que a solenidade em si, a homenagem que acabo de receber, somada à presença de vocês todos, à qualificação de cada um torna difícil fazer uma manifestação que possa contemplar a expectativa que todos vocês nutrem neste momento.

Procurarei colocar alguns fatos, alguns aspectos, algumas ocorrências desta minha trajetória para significar um pouco daquilo tudo que foi referido pelos dois ilustres Vereadores, proponentes desta premiação.

Necessariamente eu preciso colocar, começando a minha intervenção, que eu posso estar quebrando o protocolo, Dr. Dib, porque possivelmente tivesse que trazer escrito uma peça, mas isso foi difícil; as últimas horas foram um pouco complicadas para mim, porque a minha singeleza, a minha modéstia não estava preparada para um ato desta natureza. Então, eu não pude desenvolver no papel, como de costume, como de hábito seria numa cerimônia desta ordem. Vou procurar colocar, assim, dentro do que a minha alma expressa, dentro do que está armazenado no meu coração e colocar um pouco do que significou esta caminhada e até mesmo referências feitas pelos Vereadores que nos homenageiam.

Eu estou deveras satisfeito, muito feliz, porque estou colhendo, já nesta quadra da vida, uma manifestação desta grandeza e desta importância. Até acho, com muita franqueza que eu não sei se o que eu fiz seria o suficiente, sem falsa modéstia, porque os problemas são tantos, tão imensos, tão grandes, diante de nós, que esse pouco que se fez, não sei se é o muito. Mas, de qualquer forma, a tradicional Câmara de Porto Alegre, a Casa que tem a responsabilidade de legislar para essa Cidade, e eu aqui quero, prezado Sr. Presidente, Sr. Dib, quero fazer referência, quero prestar uma homenagem também. Acho que também é um dia de eu prestar homenagem. Então, eu preciso prestar homenagem aos Vereadores desta Casa, do passado, Vereadores que, com certeza se sabe, oferecem muito com a sua competência, com a sua inteligência, com o seu empenho para as questões dessa Cidade, e aí se homenageia toda uma plêiade de Vereadores que, com brilho, engrandeceram o mandato popular. Ai vão alguns no caso, o Vereador de saudosa memória para nós, Aloísio Filho; o Vereador Ari Veiga Sanhudo, o Cel. Lúcio Marques, o Vereador Jorge Achutti; o Vereador que representava, que representou em alguns mandatos, a classe trabalhadora da Zona dos Navegantes, com um nome histórico na Cidade, Dr. Marino Rodrigues dos Santos. Aqui, teve assento nesta Casa um alfaiate, Sr. Meireles. Enfim, aqui tiveram assento nesta Casa as mais variadas categorias e classes da Cidade e que ofereceram, com certeza, o seu trabalho para engrandecer o mandato e engrandeceram nossa Cidade. Então, eu acho, fazendo isso, Dr. Dib, é um dever que temos de reconhecer o trabalho dos que passaram por esta Casa. A nossa homenagem a eles, o nosso carinho, o nosso respeito.

A legislatura atual, já que se fala em Vereadores, nos parece que, referindo os Vereadores Adroaldo Corrêa e Dib, autores da proposição, nós contemplamos todos os Vereadores que ocupam assento nesta Casa, nesta legislatura. Também o nosso reconhecimento e o nosso respeito, muito em especial, àqueles que efetivamente, concretamente, legislam para esta Cidade. Ver. João Dib, meu prezado Antônio de Godoy é um prazer muito grande você estar nos acompanhando e fazer parte da Mesa; meus companheiros, meus amigos eu feliz também estou porque está presente aqui um estrato diferenciado nesta sociedade, independente da minha família, dos meus irmãos, dos meus filhos. Estão presentes aqui os companheiros do Conselho Estadual de Saúde, companheiros do movimento comunitário do Rio Grande do Sul, da FRACAB, e alguns já foram referidos pelo Presidente da Casa. Estão companheiros que representam alguns setores da Secretaria Estadual de Saúde, companheiros de luta cotidiana da área universitária de Porto Alegre, estão representantes de Partidos, estão Presidentes de Partidos, está o Partido no qual eu milito, está o PSB, está o PPS, o PC, enfim, estão as forças políticas da nossa sociedade com as quais nós temos uma convivência harmoniosa e fraterna.

Eu, com certeza, destaco esses companheiros, essa delegação que veio de Viamão liderada pelo companheiro Pedro Antônio, nos enche de satisfação e de alegria porque representam uma cidade importante onde convivi, uma cidade laboriosa, trabalhadora, para qual eu também devoto profundo respeito e consideração.

Eu não poderia, e vocês vão compreender, deixar de fazer referência aos companheiros quer caminharam conosco, no nosso bairro, no bairro da Cascata já referido, então bairro Glória, hoje Cascata referido pelo Dr. João Antônio Dib, que de fato foi naquele bairro, naquele recanto de Porto Alegre que nós começamos a nossa caminhada. E lá se vão mais de trinta anos e eu seria injusto se não referisse esses companheiros que caminharam comigo e está aqui presente o nosso prezado, querido companheiro de luta, e o Dr. Dib reconhece também, é o nosso companheiro Gilberto Corrêa Guerra que foi um homem de extraordinário valor que em todas as horas soube dar de si para que a nossa entidade pudesse corresponder e representar aquela população. Companheiro Marcolino, parece que do nosso bairro recorrendo àqueles nossos companheiros, Alberto Braum, companheiro Enio.

Foram estes, como outros tantos, inclusive alguns que já se passaram e que a eles também se presta homenagens. Foi com estes companheiros que caminhamos. Caminhada que nos ensinou, acima de tudo, ser humilde, ter paciência com as pessoas, saber construir um processo dentro da compreensão, e dentro do que cada um possui, sem olhar no indivíduo se é desta ou daquela corrente ideológica, se ele professa esta ou aquela corrente política. Pois, nós companheiros, se isso foi pecado, tivemos esse cuidado. Nós caminhamos esses trinta anos tendo este cuidado. Nunca fomos estreitos, procuramos construir este espaço com esse entendimento de que cada indivíduo tem muito a dar, basta que nós saibamos compreendê-lo e prestigiá-lo e com certeza este cidadão é um aliado para as lutas que possamos vir a empreender. Eu também tenho que fazer, aqui, uma referência muito especial, porque foi Porto Alegre que me acolheu saindo de Santa Maria, menino muito simples, muito humilde. Chegando em Porto Alegre o meu primeiro abrigo, minha primeira casa de trabalho, é a ela que devo a minha iniciação, foi exatamente no sanatório São José; foi lá que batendo às portas daquela Casa, num domingo de manhã, eu passava a ser empregado daquela instituição, já naquele dia. E lá já estava o Doutor Clésio, um grande amigo meu, que está presente aqui nos prestigiando. Então, são referências que eu necessariamente pretendia colocar e o que minha alma desejava dizer.

Quero colocar que esta caminhada toda nos permitiu visualizar, além da nossa Cidade, visualizar a nossa população, sentir os seus anseios, ver as suas necessidade, ver os seus problemas. E já nos aproximando de um novo século ainda nos deparamos, Ver. Dib e Dr. Antonio de Godoy, com imensos flagelos dessa  população, imensa quantidade de população extremamente flagelada num contraste brutal e gritante com o chamado mundo do desenvolvimento, mundo dos ricos, mundo dos capitalistas, a sociedade moderna. Essas coisas, de certa forma, nos inquietam, mexem conosco e nos levam à luta, nos levam a que as nossas organizações possam corresponder, cada vez mais e cada vez melhor, quanto a esses problemas. Citar números, citar cifras é desnecessário, porque todos sabem a dimensão desses problemas. É necessário que as nossas instituições, que as nossas entidades, nós pessoas, nós seres humanos, nós seres sociais não percamos tempo, não percamos um minuto sequer da nossa vida para apressarmos a saída deste processo de pobreza, deste cinturão de miséria que assola a população das periferias dos nossos centros urbanos, que assola a nossa criança, nossa criança hoje sem oportunidade, nossa criança abandonada, nossa criança fora dos lares, nossa criança que convive com a rua, a nossa criança que convive com todo este mundo que nós bem o sabemos. São dados, Presidente dos trabalhos, Ver. Dib, que nos preocupam, que certamente exigem das nossa instituições, das nossas entidades mais e mais trabalho e mais e mais atividades.

Eu não posso me prolongar mais porque esta cerimônia é rápida e eu preciso ir encerrando a minha manifestação não sem antes dizer para todos vocês que esta caminhada também nos mostrou, podemos divisar, podemos vislumbrar, um mundo novo, um mundo novo que se aproxima, com certeza um mundo novo virá. A noite não dura sempre. E o dia  amanhece, e é este amanhecer que nós estamos perseguindo e, com certeza, há de ser neste amanhecer que todos nós irmanados e dentro de um sentimento muito profundo haveremos de estabelecer para nossa gente, para nossos irmãos, uma sociedade fraterna e grandiosa, onde todos possamos viver com amor e com felicidade.

Eu agradeço, profundamente, a presença de todos vocês. Peço escusas de público, porque, muitos e muitos outros companheiros, amigos meus, não compareceram porque houve problemas de correspondência. Para alguns companheiros ainda não chegou, eu tenho essa informação. Peço escusas a esses companheiros, a esses meus amigos, eu tenho certeza de que esta Casa ficaria bem mais cheia com a presença dos que não puderam vir por razões desta ordem. Eu agradeço sensibilizado a iniciativa do Vereador João Dib, do Ver. Lauro Hagemann representado pelo Ver. Adroaldo, e o companheiro que fez a indicação, meu grande companheiro Rosalino Neves. Meus cumprimentos, Rosalino, acho que nós não merecíamos tanto. Partiu deste companheiro a iniciativa de recomendar aos proponentes esta distinção que a Câmara acaba de homenagear. Acredito também que esta homenagem eu posso distribuir a todos os meus amigos, companheiros, todas as pessoas que comigo compartilharam, que comigo caminharam para chegarmos até aqui. Eu abraço a todos com muito carinho e com muito afeto. Muito obrigado, Doutor Dib. Muito obrigado Dr. Pedro Antonio. Muito obrigado, meus prezados amigos, meus companheiros. Em outros momentos estaremos, com certeza, juntos. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de encerrar a Sessão, desejo fazer o registro da presença, que eu havia reclamado, do Sr. Rosalino Neves, que ali está. Agradecemos a presença do Dr. Ernesto Lopar Castro, do meu Prefeito de sempre Pedro Antônio Godoy, Dr. Flávio e de cada um dos senhores.

Para mim foi uma satisfação presidir uma Sessão em homenagem a alguém que, muitas vezes, presidiu Sessões em que eu participava apenas como Conselheiro da FRACAB. A todos, muito obrigado.

Está encerrada a Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h.)

 

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